Vereadores recebem educadores em greve e buscam intermediar diálogo com a prefeitura
A Câmara Municipal de Rio Branco recebeu na terça-feira, 27, uma comissão de servidores da educação que estão em greve desde o dia 15 de maio. Em reunião realizada na sala da presidência, os profissionais cobraram apoio dos vereadores e criticaram a ausência de diálogo por parte da Prefeitura, que, segundo o movimento, não cumpre acordos e ignora legislações federais.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinteac), Rosana Nascimento, pediu posicionamento mais firme da Casa diante do impasse. “Estamos há dois anos tentando negociar e, até hoje, a Prefeitura não cumpriu nada. Nem o reajuste anunciado para a equipe gestora foi pago. E os servidores não docentes seguem sem reposição inflacionária de 2023 e 2024”, declarou.
Rosana também denunciou o não pagamento do piso do magistério, previsto em leis federais, e o descumprimento da jornada de oratividade dos professores. “Quem tem carga horária de 40 horas deveria ter direito a 12h33 de oratividade, mas recebe apenas 5 horas. Isso fere diretamente a legislação”, afirmou.
Comissão de Educação promete intermediação
O vereador Matheus Paiva (UB), presidente da Comissão de Educação, afirmou que a Câmara atuará como ponte entre os trabalhadores e o Executivo. “Esta é uma Casa de escuta. A comissão de negociação da Prefeitura foi publicada ontem no Diário Oficial e agora o próximo passo é ouvir vocês e construir uma proposta concreta”, afirmou. Paiva também destacou seu vínculo pessoal com a educação: “Sou filho e sobrinho de educadoras. Sei da importância do trabalho que vocês fazem”.
O vereador Zé Lopes (Republicanos) também se comprometeu a buscar diálogo com a gestão. “É preciso reajuste salarial, mas também investimento em estrutura. Visitei escolas onde servidores consertam ventiladores e ar-condicionados por conta própria. Em algumas creches, os pais precisam levar até copos”, relatou.
O vereador André Kamai (PT) reforçou o apoio à categoria e criticou o contraste entre a propaganda institucional da Prefeitura e a realidade vivida nas escolas. “Entregaram tablets, computadores, mas falta merenda, estrutura básica e até paredes adequadas”, disse. Kamai alertou ainda para o adoecimento dos profissionais da educação diante da sobrecarga e das condições precárias de trabalho.
Kamai também apontou riscos com a falta de planejamento na contratação de servidores e com a possibilidade de uma reforma previdenciária sem diálogo com os trabalhadores. “Precisamos de uma agenda séria e respeitosa”, defendeu.
Câmara promete reunião com prefeito
O presidente da Câmara, vereador Joabe Lira (UB), afirmou que irá articular uma reunião entre a comissão dos educadores e o prefeito Tião Bocalom. “Vou ligar para ele hoje mesmo e tentar agendar esse encontro já para amanhã à tarde. Queremos transformar as reivindicações em ações concretas”, declarou.
Lira também destacou avanços na educação nos últimos anos e reafirmou o compromisso do Legislativo com a mediação do conflito. “A Câmara está ao lado da categoria. Vamos trabalhar para que essas pautas sejam discutidas e avaliadas de forma responsável e eficaz.”
Por Marcela Jansen