Tribuna Popular: contratação de flanelinhas para trabalharem na Zona Azul é debatido na Câmara

por Marcela Jansen publicado 21/03/2023 16h42, última modificação 21/03/2023 16h42

 

Atendendo ao requerimento do vereador Fábio Araújo, a Câmara Municipal de Rio Branco realizou na terça-feira 21, uma Tribuna Popular no qual tratou sobre o sistema de estacionamento rotativo, conhecido como Zona Azul. Após quase dois anos suspenso, essa modalidade de estacionamento voltou a funcionar na última segunda-feira, 20, na Capital.

Abordou-se ainda a possibilidade de contratação de flanelinhas, pela empresa que gere a Zona Azul em Rio Branco, para atuarem como operadores orientando os motoristas.

Na ocasião, o senhor Alex Sena, que já trabalha há 20 anos como flanelinha no Centro da cidade, lamentou o retorno do estacionamento rotativo. Ele pontua que a Zona Azul coloca em risco o sustento da família dele.

“Já trabalho como flanelinha há muito tempo e é daí que tiro o sustento da minha família. Com a instalação da Zona Azul perdi minha renda porque a rua onde trabalho agora tem que pagar para estacionar. Não ofereceram nenhum emprego a nós, apenas toraram nossa fonte de renda”, lamentou Alex.

E acrescentou: “a empresa se reuniu um grupo, porém, escolheram para trabalhar com eles pessoas que nem exercem mais a função de flanelinha. E nós que ainda estamos na ativa e sustentamos nossas famílias com essa renda, fomos excluídos. Não estão nem aí para nós. Então, peço a este parlamento que nos ajude e não nos desamparem”, concluiu.

A Tribuna Popular também ouviu o senhor Valdemar Queiroz. Ele também lamentou a falta de contratação dos flanelinhas como operadores.

“O povo pensa que flanelinha é o lixo da sociedade, mas não é bem assim. São trabalhadores ali, pais de família. Lamentável que essa empresa não tenha se sensibilizado com essas pessoas. Ali tem gente que já exerce essa função há 25 anos”, disse ao pontuar a criação da Associação dos Servidores de Flanelinhas do Acre.

“Estamos fundando a associação e vamos lutar por essa classe. Reforço a fala do colega Alex e peço que esta Casa Legislativa se sensibilize e ajuda esses trabalhadores, afinal de contas, esse é um segmento que atinge toda a sociedade. Vamos devolver a dignidade dessas pessoas”, finalizou.

O vereador Fábio Araújo pontuou sobre o faturamento da empresa e o retorno ao município de Rio Branco. “O Executivo contratou uma empresa que leva embora 83% do faturamento adquirido aqui na Capital. Somente 17% de fato é revertido de fato para nossa cidade. Diante desses dados é que pergunto: qual q necessidade da Zona Azul em Rio Branco?”, questionou.

Fábio lembra que a instalação do estacionamento rotativo atingiu a fonte de renda de muitas pessoas. “São 100 pais de família que agora estão desempregados. Esses 83% de faturamento aí que essa empresa está levando é, na realidade, o salário deles. Quem vai olhar para esses pais de família?”, questionou.

Outro ponto citado pelo vereador é a forma de pagamento. “Somente através do aplicativo é que se consegue pagar. Agora me diga uma coisa: aquele produtor rural que não te internet e nem o aplicativo vai fazer como? É preciso pensar em todas as possibilidades e isso não tem sido observado”, disse Araújo.

A vereadora Lene Petecão, vice-presidente da Câmara, pediu ao Executivo que priorize os flanelinhas para trabalhar como operadores. “Meu encaminhamento é que possamos rever o diálogo e criar uma comissão a fim de verificar sobre a possibilidade de essa empresa contratar os flanelinhas”, disse ao questionar também a necessidade de um estacionamento rotativo em Rio Branco.

“Uma cidade que tem tanto problema ainda para resolver, uma Zona Azul não deveria ser prioridade. Na instalação anterior fui contra, especialmente depois que alguns acordos foram descumpridos. Naquela ocasião ficou estabelecido que chamariam os flanelinhas e os qualificariam para trabalharem na empresa. Acordaram ainda que as famílias receberiam uma cesta básica até todos estarem devidamente adaptados, porém, não aconteceu nada disso. O diálogo dessa vez precisa ser sério e responsável”, falou.

Os vereadores Francisco Piaba e Célio Gadelha reforçaram a fala dos demais vereadores e pediu a contratação dos flanelinhas.

“São pais de família que estão agora desempregados e não podemos permitir que isso continue acontecendo. Peço que a prefeitura e essa empresa da Zona Azul que priorize os flanelinhas porque eles precisam desse dinheiro para sustentar suas famílias”, disse Piaba.

“A zona azul já causou muito problema. Estou apresentando Anteprojeto de lei que dispõe sobre a contratação de flanelinhas que já possuem experiência como operadores na orientação aos motoristas. Além disso, reforço a necessidade da prefeitura proporcionar mais segurança aos donos dos veículos. Pagamos pelo estacionamento e muitas vezes temos nossos carros arrombados e depois ninguém quer se responsabilizar”, pontuou Gadelha.

 Por fim, o líder do prefeito na Câmara, o vereador João Marcos Luz destacou a importância do estacionamento rotativo na capital acreana.

“A Zona Azul já é uma realidade nacional, Rio Branco é uma das poucas cidades que ainda estava descoberta com esse tipo de estacionamento rotativo. Precisamos desse serviço para democratização o espaço público e reorganizar os estacionamentos. A empresa anterior prestava um péssimo serviço, por isso que o contrato não foi renovado, diferente da atua que é muito qualificada e tem boas referências”, falou Luz.

Com relação à contratação dos flanelinhas, marcos Luz salientou que a empresa responsável pela Zona Azul realizou uma reunião com a categoria e que muitos fazem parte da atual equipe.

“Muitos flanelinhas saíram satisfeitos dessa reunião, inclusive, na segunda-feira alguns deles já receberam o colete para trabalhar orientando os motoristas. Existe sim boa vontade do Poder Público em ajudar os flanelinhas a manterem suas fonte de renda”, finalizou.