Neném Almeida detalha acusações contra a RBTrans e aponta lista negra de servidores
O vereador Neném Almeida (MDB) apresentou um extenso e detalhado relato na tribuna da Câmara Municipal de Rio Branco com novas e graves denúncias contra o superintendente da RBTrans, Clendes Vilas Boas. Segundo o parlamentar, as acusações vão além do assédio moral já citado por outros vereadores e incluem perseguição política, abuso de poder e uso indevido da máquina pública.
O caso mais recente, exposto por ele, envolve uma servidora que afirma ser alvo de represálias desde 2022, após integrar um grupo de agentes que denunciou irregularidades no transporte público ao Ministério Público. A denúncia, de acordo com o relato, teria resultado na criação de uma “lista negra” com nomes de dez agentes, que passaram a sofrer perseguição.
A servidora contou que, depois de autuar veículos do transporte coletivo com licenciamento irregular, foi remanejada de função contra a vontade e passou a trabalhar em condições insalubres — sem ar-condicionado, iluminação e estrutura adequada. Ela também relatou ter recebido punição poucos dias após a morte do pai, episódio que, segundo o vereador, demonstra falta de sensibilidade por parte da gestão.
“Ele não respeita nem o luto. O pai dela faleceu no dia 10 de fevereiro, e no dia 20 já havia recebido uma punição. Isso não é conduta aceitável para quem ocupa um cargo de chefia no serviço público”, afirmou.
Neném Almeida acrescentou que recebeu relatos e áudios indicando que servidores indicados por ex-gestores ou por candidatos não alinhados ao grupo político do atual superintendente teriam sido desligados ou ameaçados de demissão.
“Tenho áudios que comprovam que quem tivesse ligação com outro candidato seria desligado. Isso é voto de curral em pleno século XXI, e não podemos permitir que isso continue”, disse.
O vereador também mencionou denúncias de que servidores estariam sendo obrigados a comprar produtos comercializados pelo gestor, o que, segundo ele, configura outro tipo de abuso. As acusações incluem ainda uso indevido de influência, com declarações atribuídas ao superintendente sobre supostas relações com integrantes do Judiciário e do Ministério Público.
Segundo Almeida, diversas mensagens e provas reforçam o teor das denúncias, o que justifica a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apuração. Ele convocou outras possíveis vítimas a se manifestarem e cobrou do prefeito Tião Bocalom o afastamento imediato de Clendes Vilas Boas, para que as investigações ocorram sem interferências.
“Não estamos julgando ninguém, mas pedindo que a verdade venha à tona. É preciso afastar para investigar. Se isso não acontecer, o caso será varrido para debaixo do tapete, e isso não podemos permitir”, concluiu.