Câmara de Rio Branco realiza audiência pública sobre situação das famílias do Papoco
Atendendo a requerimento do vereador Fábio Araújo (MDB), a Câmara Municipal de Rio Branco realizou, na manhã de segunda-feira, 10, uma audiência pública para discutir a situação das famílias residentes na área conhecida como Papoco, nas proximidades do bairro Base. O debate reuniu representantes da comunidade, da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, da Defensoria Pública do Estado do Acre e do Ministério Público do Acre (MPAC).
Fábio Araújo explicou que o objetivo do encontro foi promover um espaço de diálogo entre os moradores e o poder público municipal, diante da preocupação com o processo de retirada de famílias que vivem há décadas na região. “O que buscamos é transparência, escuta e respeito. Nosso papel é garantir que qualquer decisão seja tomada com base em diálogo e dentro da legalidade”, afirmou o parlamentar.
Representando a Prefeitura, o secretário João Marcos Luz destacou que o levantamento socioeconômico realizado pela equipe técnica da Secretaria busca identificar famílias em vulnerabilidade social e avaliar as condições da área. “A Prefeitura está aberta ao diálogo. Nenhuma medida será tomada sem planejamento e sem ouvir a comunidade. Nosso compromisso é garantir direitos e atuar de forma responsável”, disse o gestor.
Durante a audiência, o promotor de Justiça Thales Ferreira, do MPAC, reforçou que o Ministério Público acompanha o caso para assegurar que não ocorram violações de direitos. “O local é uma comunidade antiga, onde muitas famílias vivem há mais de 40 anos. É uma área de risco, segundo a Defesa Civil, mas é necessário aprofundar o diálogo e buscar soluções que respeitem a dignidade humana e o direito à moradia”, pontuou.
A Defensoria Pública do Estado do Acre também participou do debate, representada pela defensora Alexa Pinheiro. Ela destacou que o órgão irá atuar na mediação do caso e acompanhar os desdobramentos junto à Prefeitura e ao Ministério Público. “O que precisamos é de transparência e planejamento. Nenhuma política pública pode gerar desespero. O diálogo é o caminho para uma solução justa e pacífica”, afirmou a defensora, que propôs nova reunião com representantes da comunidade e órgãos técnicos.
Entre os moradores presentes, o presidente da associação comunitária, Wellington Pinheiro, reforçou o desejo das famílias de permanecer no local. “Eu moro no Papoco há 38 anos. Foi ali que construí minha história e criei meus filhos. Não somos invasores, somos trabalhadores. Queremos melhorias, não remoção. A Prefeitura precisa conhecer nossa realidade antes de tomar qualquer decisão”, declarou.
A microempreendedora Maria do Socorro Moreira, que vive há mais de 25 anos na comunidade, também se manifestou emocionada. “Eu cheguei lá de aluguel e, com muito esforço, construí minha casa. Pobre tem dignidade, sente dor, trabalha e luta pelo que é seu. Eu nunca pedi pra sair da minha casa”, disse.
Ao final da audiência, o vereador Fábio Araújo informou que novas reuniões serão realizadas com a participação da Defesa Civil, da Defensoria Pública, da Secretaria de Assistência Social e dos representantes comunitários, a fim de construir soluções que garantam segurança e dignidade às famílias.