Tribuna Popular: vereador Aiache debate riscos das zoonoses por animais errantes

por Marcela Jansen publicado 24/06/2025 18h37, última modificação 24/06/2025 18h37

 

Em atenção ao requerimento do vereador Aiache (PP0, a Câmara Municipal de Rio Branco realizou na terça-feira, 24, uma Tribuna Popular no qual debateu os riscos da transmissão de zoonoses por animais errantes – cães e gatos abandonados nas ruas da capital.

Na oportunidade, o médico veterinário José Nelson dos Santos Morais Neto, referência na área, para expor os impactos da omissão do poder público sobre a saúde pública, o meio ambiente e a proteção animal.

“A situação dos animais errantes é um problema de saúde pública, não só de proteção animal. Precisamos entender que o abandono é crime e que zoonoses não se combatem apenas com campanhas esporádicas”, afirmou Aiache. Segundo ele, o objetivo da Tribuna foi sensibilizar os colegas parlamentares e a população sobre a necessidade de políticas públicas estruturadas, intersetoriais e contínuas.

Na apresentação técnica, o médico veterinário abordou os conceitos básicos e os perigos das zoonoses, doenças que são transmitidas entre animais e humanos. “Os animais podem ser reservatórios silenciosos de doenças graves. Mesmo sem sintomas, eles carregam patógenos que se espalham pelo contato direto, pela saliva, mordidas, fezes e até por alimentos e água contaminados”, explicou.

Ele citou como exemplo histórico a peste negra, que causou milhões de mortes na Europa medieval, e reforçou que o risco permanece atual com doenças como raiva, chagas, verminoses, leptospirose, toxoplasmose e a chamada 'doença da paca' – a equinococose neotropical, comum na região amazônica.

“O ciclo das zoonoses é mantido pela falta de saneamento, pela ausência de educação ambiental e pela convivência forçada entre humanos e animais em situação de abandono. Crianças brincando em terrenos baldios, populações de rua e enchentes são fatores que agravam a exposição a essas doenças”, alertou.

Saúde única

Um dos pontos centrais da fala do veterinário foi o conceito de “Saúde Única” – abordagem que integra saúde humana, animal e ambiental. “Não adianta tratar só o animal ou só o ser humano. Se o ambiente continua contaminado e os ciclos infecciosos se perpetuam, a doença volta. Precisamos de vigilância, educação, infraestrutura e articulação entre as secretarias”, defendeu.

Nelson ainda lembrou que o Centro de Zoonoses não é um hospital veterinário, e que, segundo a Portaria 1138/2014, animais sem sinais de doenças transmissíveis devem ser tratados pelo órgão ambiental do município, não pela vigilância em saúde.

“Confunde-se muito a função da zoonose. Nosso papel é vigilância. Acolhimento e cuidado clínico são responsabilidade de outras estruturas. E hoje, em Rio Branco, a estrutura que existe é precária, mas a equipe é altamente dedicada”, frisou.