Kamai critica projeto de aumento da tarifa e acusa prefeitura de transferir ônus político à Câmara
O vereador André Kamai, em pronunciamento na sessão de quarta-feira, 10, na Câmara Municipal de Rio Branco, o envio do projeto que prevê aumento da tarifa do transporte público e do subsídio pago às empresas. O parlamentar afirmou que a matéria chegou de forma inesperada e sem diálogo prévio com a base aliada do prefeito.
Segundo Kamai, o que mais chamou atenção foi o fato de os trabalhadores do sindicato já terem conhecimento da proposta antes mesmo dos vereadores. Para ele, isso demonstra falta de confiança do Executivo em sua própria base. “O prefeito preferiu mobilizar os trabalhadores para pressionar a Câmara, em vez de dialogar com seus aliados. Nunca vi algo assim. Isso mostra que ele não confia na própria base”, afirmou.
O vereador destacou ainda que não há no texto nenhuma garantia de que os recursos adicionais serão destinados ao reajuste salarial dos trabalhadores. Ele lembrou que a empresa responsável pelo transporte já descumpriu compromissos básicos, como o pagamento de auxílio-alimentação, mesmo oferecendo um serviço considerado precário.
Kamai também citou o parecer da Procuradoria Jurídica da Casa, que, segundo ele, aponta irregularidades na tramitação do projeto. “Estamos falando de uma proposta com impacto direto nos cofres municipais, mas que não apresenta estudo de impacto orçamentário e nem passou pela Comissão de Orçamento. Como podemos votar algo assim?”, questionou.
Para o parlamentar, o prefeito tenta transferir à Câmara a responsabilidade pelo desgaste político de aumentar a tarifa, retirando o debate do Conselho de Transporte e da sociedade. “O povo é quem deveria participar dessa discussão. Não podemos assumir o ônus político de um aumento sem saber como o sistema vai melhorar. Vai ter ônibus novo? Mais linhas? Paradas cobertas? Nada disso está assegurado”, reforçou.
Por fim, André Kamai reafirmou apoio ao parecer da Procuradoria, classificando-o como “um primor de responsabilidade jurídica e política”, e alertou para o risco de que tanto a população quanto os trabalhadores sejam novamente enganados “por um conluio entre prefeitura e empresa”.