Kamai alerta para racismo estrutural e cobra efetividade da educação antirracista em Rio Branco

por Marcela Jansen publicado 19/11/2025 16h03, última modificação 19/11/2025 16h03

 

O vereador André Kamai (PT) utilizou a tribuna da Câmara Municipal de Rio Branco, na sessão de quarta-feira, 19, para fazer um pronunciamento firme sobre o Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira, 20. Em discurso carregado de recortes históricos, o parlamentar afirmou que o Brasil foi construído sobre bases racistas e que o enfrentamento a essa estrutura “não pode ser tratado como simbólico, mas como tarefa urgente do Estado brasileiro”.

Kamai ressaltou que a formação do país se deu a partir da exploração de africanos sequestrados e escravizados, além da violenta colonização sobre povos indígenas. Segundo ele, a abolição não significou inclusão: “as pessoas libertadas foram simplesmente jogadas à própria sorte, sem assistência, sem políticas de Estado, sem acesso à educação, à terra ou ao trabalho digno. A consequência desse abandono ainda estrutura o Brasil de hoje”, afirmou.

O vereador citou indicadores que revelam desigualdades persistentes. Ele destacou que a maior parte das mulheres vítimas de feminicídio é negra, que o Congresso Nacional permanece majoritariamente branco e que as prisões brasileiras são formadas, em sua maioria, por pessoas negras e pobres. Para Kamai, esses dados não representam coincidência, mas evidência histórica: “Isso não acontece porque pessoas negras têm ‘espírito ruim’. Acontece porque essa população foi marginalizada por séculos”.

O parlamentar também defendeu políticas de ação afirmativa e a importância das relações de trabalho regulamentadas para reduzir desigualdades. Ele lembrou que trabalhadores brasileiros são, em sua maioria, pretos, pardos e indígenas, e que garantias mínimas previstas na CLT são essenciais para assegurar dignidade.

Kamai direcionou parte do discurso à educação, afirmando que a Lei 10.639/2003 — que estabelece o ensino da história e cultura afro-brasileira — ainda não é plenamente cumprida nas escolas. Para ele, o combate ao racismo precisa começar na sala de aula, enfrentando também o racismo religioso e todas as formas de discriminação naturalizadas no cotidiano.

Por fim, o parlamentar pediu que a Câmara, o Executivo e demais instituições assumam compromisso real com a pauta: “É fundamental que a educação antirracista avance. O povo negro não pode continuar carregando sozinho as consequências de uma história que o país se recusa a encarar”.